Camila Ferreira, psicóloga infantil de Salvador, Bahia conversou com a GoBuddies e falou um pouco sobre as brincadeiras em grupo e o uso dos eletrônicos. Ela revelou que sempre quis ser psicóloga. “Desde a época de escola. Não sei dizer concretamente como ou por que fiz essa escolha. Hoje, na área infantil, consigo perceber um pouco da minha história pessoal. Talvez tenha sido sempre algo de forma inconsciente – sendo inconsciente aqui um termo psicológico. Uma vontade de fazer diferente e melhor”. Ela destacou uma frase que se identifica: “Cuidar da infância, uma aposta na vida.”, já que um adulto é também o que aprendeu durante a infância. Suas crenças, modo de interpretar o mundo, de ser e se comportar são desenvolvidos desde esse período. Ela também é gestora de recursos humanos e estudante de Pedagogia, professora auxiliar na educação infantil, no grupo 5, especificamente, e acompanhante terapêutica de crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista).
GoBuddies – Qual as principais diferenças, em termos de desenvolvimento, entre brincar sozinho e brincar em grupo?
Camila Ferreira – A brincadeira promove o desenvolvimento global das crianças. Tanto o brincar sozinho como o brincar em grupo podem oferecer ganhos similares, mas é possível considerar algumas diferenças, em termos de desenvolvimento.
Brincando sozinha, a criança tem o prazer próprio, pode expressar sua agressividade, angústia. Desenvolve sua autonomia e criatividade, transformando a realidade, produzindo novos significados – processo de simbolização e pensamento abstrato. Aprende sobre autorresponsabilidade, constrói sua subjetividade. Aprimora aspectos físicos e sensoriais – percepção, habilidades motoras, força, resistência. Pratica atividades da vida diária e ensaia habilidades úteis à vida adulta. Há também uma estimulação intelectual, da aprendizagem, enfim.
Em grupo, a brincadeira promove a interação social e a socialização, incentiva a resolução de conflitos, criticidade, reflexão, o planejamento e a tomada de decisões. A criança explora o meio, experiência relações, aprende sobre regras e papéis. Avalia suas habilidades, observando pares. Desenvolve sua comunicação e linguagem, ampliando vocabulário, aprimorando pronúncias. Satisfaz necessidades afetivas, treina habilidades sociais. Enfim, também desenvolve sua subjetividade.
GoBuddies – Você acredita que ao brincar apenas com eletrônicos, as crianças têm mudanças no sono e rendimento escolar? Qual impacto na vida delas?
GoBuddies – Quais medidas você considera que devem ser imediatas para resolver isso?
CF – Os eletrônicos estão e estarão, cada vez mais, inseridos na nossa cultura, no nosso dia a dia. O que determina as vantagens ou desvantagens é a forma como eles são utilizados e não eles em si. Então, eu penso que uma medida que pode ser tomada é uma melhor organização familiar e escolar. Sugere-se que o uso, bem como as regras, horários, limites sejam discutidos e acordados entre pais e filhos, alunos e escola, enfim, entre as crianças e os adultos, visando um desenvolvimento equilibrado e saudável.
Gobuddies – Com a situação atual como você acredita que será no futuro a questão do comportamento e brincar? Como mudar esta realidade?
CF – Eu acredito que todo esse processo aqui discutido – uso excessivo de tecnologias e o seu impacto no comportamento e no brincar – será intensificado. Por uma questão mesmo de evolução tecnológica, desenvolvimento econômico, enfim. Dessa forma, os pais e cuidadores precisam se atentar para o equilíbrio, para as alternativas aos eletrônicos. Devem estudar e estar abertos a novas discussões de manejo. A mudança que eu penso ser possível é nesse sentido, na relação com esta realidade, mas não na redução do avanço tecnológico, esse não há como impedir.
GoBuddies – Você como psicóloga, que dicas pode dar aos pais? Como tirar as crianças do sofá e levar para o mundo de brincadeiras?
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