Para falar um pouco mais sobre a obesidade infantil e dar dicas super importantes nós conversamos com a nutricionista Camila Garcia, que é de Campo Grande (MS), formada pela PUC Campinas e com especializações importantes na área de nutrição infantil, pelo IMeN (Instituto de Metabolismo e Nutrição) e Unifesp, em São Paulo. Ela que sempre quis fazer nutrição e trabalhar com as crianças tem mais de 90 mil seguidores no Instagram, o @nutri.infantil, que reúne dicas, receitas e muito mais sobre o universo da alimentação saudável. Além disso, Camila tem um curso para as mamães e um E-book com receitinhas para os pequenos. Confira agora o bate-papo super interessante e agradável com ela.
GoBuddies – A obesidade infantil virou um problemão mundial que muitas vezes os pais não notam. Por que você acha que chegou nesta situação? A que você atribui?
Camila Garcia – Sobre a epidemia da obesidade infantil a gente começa lá atrás, há 50 anos onde a desnutrição infantil que existia. E nisso, por falta de alimentos, acesso e como oferecer para a criança, enfim. Aí veio a indústria bombardeando a gente de alimentos riquíssimos caloricamente, que acabou virando a obesidade. Por exemplo, antigamente a recomendação era para começar com suco logo na introdução alimentar, porque o suco é basicamente a caloria para a criança ganhar peso. Agora a gente ainda tem alguns profissionais desatualizados que colocam o suco e a criança já vai virando obesa. Porque tem muito esse consumo de suco em caixinha, enfim esses alimentos riquíssimos caloricamente falando.
GoBuddies – Você acha que uma alimentação saudável aliada às atividades ao ar livre pode ser uma alternativa para mudar esta realidade?
Camila Garcia – Com toda a certeza, eu acho que é a única alternativa para mudar essa realidade é alimentação saudável e atividades físicas ao ar livre, porque hoje em dia infelizmente com Internet, videogame as crianças ficam sedentárias, e isso só piora. Não adianta a gente fazer uma alimentação e a criança sedentária e não adianta a criança praticar atividade física e ter uma alimentação inadequada. Então, eu acho que sim é essa ligação dos dois uma alternativa para mudar essa realidade.
GoBuddies – Quando chega uma criança com obesidade quais são as principais medidas que você toma?
Camila Garcia – Bom, no consultório quando chega uma criança com obesidade, depende muito da idade como a gente vai abordar, o primeiro passo é você mostrar isso para os pais, pois muitas vezes chegam e nem sabem que a criança obesa. Então é mostrar e orientar os pais quanto a isso, porque que chegou nesse momento, olha como que a criança está, quais são as dificuldades que ela pode passar por isso e como a gente pode reverter uma criança muito nova que está obesa. Não é apenas a mudança radical de composição de cardápio são as orientações quanto esses alimentos industrializados, atividade física esse ambiental já vai resolver e muito. Essas dietas muito radicais eu não oriento no consultório, por conta de crescimento mesmo, a criança precisa crescer, então ela precisa de micronutrientes. Se a gente corta muito fica difícil a gente não interferir no crescimento, fora que se é difícil para um adulto fazer uma dieta restritiva, pensa para uma criança. Então quanto mais cedo os pais conseguirem enxergar essa obesidade é melhor, porque assim fica muito mais fácil para a gente orientar e para tratar mesmo no consultório.
GoBuddies – Como melhorar a alimentação destas crianças de maneira simples? Quais são os alimentos que não podem faltar?
Camila Garcia – Normalmente com poucas mudanças a gente já começa a ver resultado na criança, por que a obesidade ela não é da noite para o dia. Então a gente mexendo mais no ambiental e comportamental dessa criança são atitudes simples que vão mudar muito, mas o principal são os alimentos saudáveis. Você tem uma dieta rica em micronutrientes e fibra, que vai saciar essa criança com alimentos de verdade e vai ajudar no crescimento, principalmente, para aí perder peso.
GoBuddies – Como você imagina que será a questão de alimentação infantil no futuro?
Camila Garcia – Essa é uma pergunta muito difícil, porque eu acho que a gente tá numa fase que mostra bem essa divisão em que a gente encontra, ainda, infelizmente muita obesidade infantil com doenças de adulto que a gente fala: então hipertensão, diabetes, colesterol alto, mas ao mesmo tempo a gente ver essa mudança na visão do consumo alimentar, pelo menos com os adultos assim a gente não tá vendo muito mais. Então a minha esperança é essa, que esses pais vejam neles primeiro essa mudança de alimentação, ou seja, buscar uma alimentação saudável e passe para criança. Então que ainda está nessa transição, mas eu acho que o futuro é sim os pais se alertarem muito mais sobre a importância de uma boa introdução alimentar, desse contato das crianças com alimentos de verdade e não esses alimentos da indústria, que vendem para gente como alimentos e que não são, pois são esses, eu acho, que os principais vilões assim da obesidade infantil.
GoBuddies – Como você acredita que seja a melhor forma de introduzir alimentos na dieta das crianças sem ser um pesadelo? Forçar só vai criar um trauma, não é mesmo?
Camila Garcia – Com certeza forçar é mil vezes pior, ela pode até consumir o alimento ali na hora, mas vai vir todo um trauma e ela vai passar a não querer mais esse alimento. Então, a melhor forma é a criança tendo o contato, ou seja, ela vendo no supermercado, os pais comprarem, ela vendo em casa, ela tendo fácil acesso, vendo os pais e irmãos comerem e pessoas próximas, isso faz parte também da alimentação. Então começa a ficar tão natural para essa criança que ela começa a aceitar e a comer naturalmente sem forçar e sem ser um pesadelo, então é o que muitos pais esquecem, querem que os filhos comam saudável, sendo que não tem nada em casa e que eles não comem. Então é preciso da casa falar a mesma língua, conversar igual e se alimentar bem, não é só a criança.
GoBuddies – Deixe um conselho para as mamães que estão passando por esta situação de obesidade.
CG – O meu principal conselho é: não desista, vá atrás e busque especialistas para ajudar, porque não é fácil a gente muitas vezes não consegue fazer sozinha, precisa mesmo de dicas, estratégias, como fazer, o que fazer em cada situação, então não desista. Não abra mão e fale não aguento, não consigo, porque dá sim ainda mais com criança a gente fala “ai, mas eu consigo mudar um hábito de 5 /10 anos?”. Pensa que é muito mais fácil a gente mudar um hábito com 5 ou 10 anos do que mudar com 30 ou 40 anos. Então vai ser muito mais fácil para o seu filho e pra você mudar hábitos agora, enquanto é criança do que quando for adulto e estiver hipertenso, com colesterol alto, com diabetes, muito mais obeso e com dificuldades de andar, então tem toda uma relação por trás e agora é muito mais fácil, não desista e vá atrás e pensa que isso é a saúde do seu bem maior, que é o seu filho.
Para contato com a Camila Garcia:
Blog www.nutrinfantil.com.br
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